top of page

Avanço da internet auxilia comunicação de haitianos com familiares

Após seguidos desastres no país mais pobre do mundo, uso da tecnologia é fundamental para imigrantes

12 de janeiro de 2010, um terremoto de magnitude 7,0 na escala Richter atinge o País mais pobre do mundo. Mais de 200 mil pessoas morreram no maior desastre da história do Haiti. Seis anos depois, um novo desastre – furacão Matthews dá as caras no país, e deixa mais de 800 mortos.


Com o apoio do exército brasileiro, milhares de haitianos passam a ver no Brasil a oportunidade ideal para arrumarem suas vidas. Desde então, a imigração haitiana descobriu o caminho para o Brasil e a sociedade brasileira passou a acolher as famílias haitianas atingidas pelos desastres.


Vivendo no Brasil, centenas de milhares de haitianos se veem afastados de suas famílias e começam a procurar um meio que permita o contato a distância. Coincidentemente, os desastres acabam acontecendo em plena revolução tecnológica, amenizando as dificuldades de comunicação dos haitianos.


Criada em 1969, durante a Guerra Fria, a Internet teve sua expansão no início da década de 90, quando começou a alcançar a população em geral. Mas foi há 10 anos que a internet passou de um simples lazer e entretenimento, para um meio de comunicação útil.


A psicóloga Antonietta Domine, considera os haitianos sortudos, por terem a internet como meio de comunicação com suas famílias em pleno momento dos desastres. “Os haitianos têm muita sorte te poderem se comunicar com suas famílias, hoje em dia é muito mais fácil, a gente esquece que durante a segunda guerra milhares de japoneses vieram ao Brasil para fugir do caos, e desde então, nunca mais tiverem contato com suas famílias”, fala a psicóloga.


“Bonjour, comment ça va?” – haitiano, Jean Robert pergunta como vão as coisas para sua mãe, que ainda vive no Haiti. Ela responde “que nous détenons sur” – “Estamos levando, da maneira que dá”.


É assim que o haitiano Jean Robert se comunica com sua mãe e com sua família a mais de 1 ano. Jean mora em Riberão Pires, e é pedreiro. “A primeira coisa que eu fiz quando arrumei o trabalho foi comprar um celular para falar com a minha família. Desde então, falo com eles todo santo dia!” disse Jean.


Jean Robert trabalhando como pedreiro na comunidade em Utinga


Por outro lado, não são todos os imigrantes que tem a mesma sorte. Muitos chegam ao Brasil, e por falta de acessibilidade, não conseguem contatar os entes queridos, o que acaba trazendo mais um problema emocional na vida do haitiano.

Dados da União Internacional de Telecomunicações, da ONU, indicam que no Haiti, pouco mais de um milhão de pessoas tem acesso a internet, o que indica pouco mais de 10% de toda a sua população. No Brasil, pesquisa feita pelo IBGE aponta que 36,7 milhões de casas estão conectadas.


O jovem haitiano de 28 anos, Junot Pierre, está no Brasil há apenas quatro meses. Ele explica que até tem um celular, mas são diversos os motivos que impedem a comunicação com sua família. “Até hoje só falei com eles três ou quatro vezes, é difícil falar com eles, celular eu tenho, mas não consigo colocar créditos porque não é sempre que tenho dinheiro. Mesmo que eu colocasse os créditos, continuaria difícil de falar com a minha família, eles estão sem comunicação lá, foram atingidos pelo furacão e tiveram suas casas destruídas”, fala Junot.


Evolução das redes sociais junto com a tecnologia


Antonietta, sob um ponto de vista psicológico, lista os diversos motivos que fazem com que os imigrantes carreguem “marcas” por toda vida por conta da imigração. “Um, ele se considera um intruso. Dois, ele tem que sobreviver a suas próprias custas. Três, mesmo com o auxílio, nos momentos difíceis ele está só. Quatro, se ele tem aparência diferente do que a do pais que ele está, todos o veem como um forasteiro e falido porque ele precisa ir em busca de ajuda. Cinco, se ele não domina o idioma, fica mais difícil ainda”.


De maneira geral, a internet segue sendo a via mais acessível dos meios de comunicação para os imigrantes que querem contatar os parentes, porém, é necessário haver conexão de ambas as partes, e o Haiti, depois de seguidos desastres, segue na luta em busca de sua reestruturação.

Veja nosso documentário
Leitura Recomendada
Missão, Visão e Valores
Veja nossa série de reportagens especiais
Procurar por Tags
Nenhum tag.
Expediente
  • Black Facebook Icon
  • Black Twitter Icon
  • Black YouTube Icon
  • Black Instagram Icon
bottom of page