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Brasil: a ilusão de um estrangeiro

  • Caio Morgatto
  • 3 de nov. de 2016
  • 3 min de leitura


Milhões de imigrantes vêm ao Brasil visando melhores condições de vida. E isso não é de hoje. Desde o período de sua descoberta pelos portugueses, o País já recebeu milhões de imigrantes dos quatro cantos do mundo. Já em 1530, muitos lusos vieram para trabalhar nas plantações de cana-de-açúcar. Porém, as grandes ondas migratórias aconteceram a partir de 1818 quando não-portugueses começaram a vir para o País. Entre eles estavam os italianos, alemães e japoneses. Estes vieram buscando entrar no mercado de trabalho, já que seus países passavam por um crescimento populacional e a economia não conseguia gerar empregos suficientes para que todos tivessem uma vida estável. O Brasil, em contrapartida, estava precisando de mão-de-obra para as lavouras de café, que estavam em alta naquele momento.


Hoje em dia, o Brasil, em números, conta com um percentual pequeno de imigrantes, sendo apenas 0,9% do total da população. Países desenvolvidos como Estados Unidos e Alemanha chegam a ter dois dígitos percentuais de população imigrante.


Porém, nos últimos anos o País tem recebido um número cada vez maior de estrangeiros. Segundo dados da Polícia Federal, em 2015 o Brasil recebeu mais de 117 mil imigrantes, com destaque para haitianos (14.535), bolivianos (8.407) e colombianos (7.653). Dez anos atrás, em 2006, o Brasil recebeu 45.124 pessoas, ou seja, em uma década houve um aumento de aproximadamente 160% do número de imigrantes que chegam ao País.


Sandro Maskio, economista e professor da Universidade Metodista de São Paulo, explica que “O fluxo de imigração para o Brasil cresceu após a globalização e muitas pessoas viram aqui uma oportunidade de conseguir empregos, o que era natural, pois o País vinha numa boa crescente, porém esta crise acabou com o sonho e a esperança de muitos”.


Ao mesmo tempo em que muitos chegam, outros vão embora. Elena Gavalda, de 25 anos, é espanhola e casada com um brasileiro. Ela chegou ao Brasil em 2013 e deixou o país no ano passado. “Antes de ir para o Brasil, pelo o que eu via nos noticiários e também na internet, era um país próspero e em crescimento, porém logo quando cheguei o país estava entrando em uma forte crise econômica”.


Elena conheceu o marido na Irlanda durante um intercâmbio que ambos faziam. Após o casamento aqui no Brasil, ele queria voltar para a Europa, mas o desejo dela ficar no País foi maior. “Queria morar aqui e tentamos por dois anos, porém o máximo que eu conseguia eram alguns trabalhos como intérprete, pois falo além do espanhol e do português, inglês e francês. Logo na sequência meu marido perdeu o emprego e então decidimos voltar para a Espanha, que mesmo em crise há algum tempo nos abre mais oportunidades.”

Elena, que diz ter se encantado pelo futebol brasileiro, e o marido, Pedro Germeno Foto: Reprodução/Arquivo pessoal.

Porém, mesmo com o país passando por esse momento de crise, existem povos que continuam vindo em massa. Os haitianos são um caso disso. Eles são a nacionalidade que mais entra no Brasil nos últimos anos. Em 2015, o número de pessoas que entraram são quase 100% maior em relação aos bolivianos, segundo colocado. “O povo haitiano é encantado pelo Brasil. Lá no Haiti passam muitas propagandas positivas daqui. E nós viemos buscando este sonho, de conseguir nossa casa, nosso carro. Porém, quando chegamos aqui vimos que não era nada daquilo que nos é mostrado e além da crise econômica que o Brasil está passando, para nós estrangeiros é ainda mais difícil conseguir um emprego. Mas mesmo assim continua sendo uma vantagem, pois lá no Haiti, além das dificuldades econômicas, sofremos muito com as guerras civis”, conta o haitiano Emanuel Macena, 32, que está no Brasil há dois anos e trabalha como marceneiro.


Emanuel hoje mora em Santo André junto com mais três familiares e almeja ficar no País por muito tempo.


Segundo relatório do FMI (Fundo Monetário Internacional), o PIB (Produto Interno Produto) - soma de todos os bens produzidos e serviços prestados no país - brasileiro voltará a crescer em 2017. Para Sandro Maskio, “se houver uma retomada como é previsto, este número de estrangeiros tende a aumentar novamente”.


 
 
 

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